
Era uma vez...
Era uma vez uma menina, que vivia numa cidade grande, numa rua estreita, na zona histórica da cidade, onde não era permitido a circulação de carros, e onde viviam muitas outras meninas. Mas as suas melhores amigas eram 2 meninas de nacionalidade brasileira que eram gémeas e que tinham uns nomes engraçados e pouco vulgares para a época, uma chamava-se Jane e a outra Cátia e havia ainda outra menina que se chamava Paula Baptista. Andavam sempre juntas, eram um grupo de 5 raparigas, porque a menina também tinha uma irmã que fazia parte do grupo. Iam para a escola juntas, depois a seguir ou iam para a piscina, onde praticavam natação, ou para a música onde andavam a aprender a tocar piano, ou ainda iam para casa de duas irmãs, solteiras, já muito idosas que se ofereceram para as ensinar a bordar, escusado será dizer que nenhuma aprendeu a tocar piano nem a bordar, porque faziam tal algazarra e diziam tantos disparates que riam do princípio ao fim.
A vida delas corria na perfeição, da escola, para as actividades e ainda sobrava tempo para fazerem várias brincadeiras em casa umas das outras. Eram pouco vigiadas pelos pais, porque estavam todos muito ocupados, ali mesmo ao lado, cada qual tinha o seu negócio, os pais das irmãs gémeas tinham um tipo de tasca, onde também serviam refeições, os pais da Paula tinham uma mercearia, e os pais da menina e da irmã tinham um restaurante. E eram assim, os negócios ficavam no r/c e no 1º andar eram as suas habitações.
Até que por volta dos 11 anos da menina, a vida deste grupo de amigas se desmorona, porque os pais dela decidem vender o restaurante e voltar para a sua terra natal, onde tinham uma casinha, e durante esse ano ainda, os pais das gémeas, fecham a tasca e compram uma banca de fruta no mercado da cidade e só os pais da Paula que tinham a mercearia, por lá se mantiveram, embora ela passado uns tempos tenha ido viver com a irmã mais velha, por esta residir mais próximo da escola.
A menina foi a que se mudou para mais longe, cerca de 35km a separava das suas amigas. Nesse tempo, não era como hoje, em que esta distância se faz facilmente, embora os seus pais já tivessem automóvel, só o utilizavam em situações excepcionais, o que fez que a menina e a sua irmã, só passado 1 ano, conseguisse ir visitar as suas amigas, e então veio a decepção e a tristeza, porque uma amizade que tinha tudo para ficar para a vida inteira se desmoronou ali mesmo á porta de casa das suas amigas gémeas, que as receberam friamente, como se tratasse de alguém que mal conhecessem. Ela e a irmã, não passaram do rebate da porta, porque as suas antigas amigas, agora tinham arranjado novos amigos e estavam cheias de pressa de ir ter com eles, que não quiseram despender de alguns minutos para matar saudades, e depois disso só se voltaram a ver por mais uma vez, por mera coincidência, mas esta menina já se tinha apercebido, que aqueles tempos de infância maravilhosos que passou, jamais voltariam.
Essa menina era eu.